8 séries com protagonistas que lutam por igualdade de gênero

O entretenimento é um aliado direto das lutas sociais, afinal, o retrato televisivo pode gerar reflexões que muitas vezes não poderiam ser concebidas por pessoas de fora dos movimentos. Sendo assim, sejam em histórias inspiradas em vivências reais ou produções que contam com elementos do mundo fantástico, uma maratona é capaz de sensibilizar e motivar a ação pela mudança.

Portanto, estar diante de momentos históricos com uma pitada de ficção ou protagonistas fortes com questionamentos intensos pode gerar conversas cada vez mais profundas sobre desigualdade. Selecionamos oito produções disponíveis em streamings com potencial de criar diálogos sobre a luta feminista atual.

Mrs. America

Criada e co-escrita por Davhi Waller, com direção de Anna Boden, Ryan Fleck, Amma Asante, Laure de Clermont-Tonnerre e Janicza Bravo, a série Mrs. America retrata o movimento político por trás da aprovação da Emenda dos Direitos Iguais e a reação da ativista conservadora Phyllis Schlafly, interpretada por Cate Blanchett.

A minissérie da FX conta ainda com Rose Byrne, Uzo Aduba, Elizabeth Banks, Margo Martindale, John Slattery, Tracey Ullman e Sarah Paulson, forte elenco feminino que interpreta grandes nomes da política norte-americana deste período. A proposta é mostrar o embate que se deu entre ativistas conservadoras e revolucionárias, que desejavam ressignificar o papel da mulher nos Estados Unidos da década de 1970.

O seriado foi sucesso em crítica e indicações a prêmios, com destaque para a vitória de Uzo Aduba na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante no Emmy Awards de 2021, pela interpretação de Shirley Chisholm, primeira mulher negra eleita no Congresso dos Estados Unidos.

Good Girls Revolt

Apesar de ter sido cancelada após uma temporada na Amazon Prime Video, a série ganhou destaque por adaptar de maneira ficcional uma história polêmica: a desigualdade de gênero na revista Newsweek.

Ambientada em 1969, o seriado protagonizado por Anna Camp, Erin Darke e Genevieve Angelson mostra a inquietude de um grupo de mulheres que trabalhava em uma revista norte-americana com desigualdade de gênero marcada no tratamento, salário e até mesmo créditos das publicações.

O Conto de Aia

Com várias indicações à premiações como Emmy, Globo de Ouro e Critics’ Choice Television Awards, incluindo 14 vitórias, o seriado é baseado no livro de mesmo nome da escritora Margaret Atwood.

A obra retrata um futuro próximo na Nova Inglaterra, em que a ideologia totalitária fundamentalista acaba sendo colocada em prática. O seriado mostra uma realidade distópica em que mulheres não são mais autorizadas a exercer individualismo e independência.

Coisa Mais Linda

Maria Casadevall, Pathy Dejesus, Fernanda Vasconcellos e Mel Lisboa estrelam nos papéis principais desta série ambientada em 1959, no Rio de Janeiro.

A proposta é mostrar um cenário idealizado do universo da bossa carioca, porém, ainda com machismo e racismo potentes na organização social, em que mulheres possuem grande dificuldade de exercerem profissão ou serem respeitadas no mercado de trabalho. Criada por Giuliano Cedroni e Heather Roth, a série da Netflix tem título inspirado no verso da canção “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Pose

Ryan Murphy, Brad Falchuk e Steven Canals são os criadores desta série da FX, disponível na Netflix. A produção se passa em Nova York das décadas de 1980 e 1990, quando a cultura dos ballrooms era potente na comunidade LGBTQIAP+ da região. 

A proposta da série é retratar a realidade de membros da comunidade LGBTQIAP+, principalmente mulheres transsexuais, que encontravam uma rede de apoio em grupos de pessoas que também haviam sido expulsos de suas casas, devido ao preconceito de seus pais. Essas novas famílias competem entre si em um estilo de dança que ganhou notoriedade global na faixa “Vogue”, de Madonna.

Entre looks extravagantes e coreografias, a produção de drama se aprofunda nos desafios pessoais de cada um dos personagens, mostrando a dificuldade de latino-americanos e membros da comunidade LGBTQIAP+ de serem inseridos no mercado de trabalho formal.

A série de três temporadas é estrelada por Mj Rodriguez, Dominique Jackson, Billy Porter, Indya Moore, Ryan Jamaal Swain, Dyllón Burnside, Hailie Sahar, Angelica Ross, Angel Bismark Curiel, Sandra Bernhard e Charlayne Woodard. 

Nada Ortodoxa

“Nada Ortodoxa” é uma minissérie de televisão germano-americana disponibilizada na Netflix, inspirada no livro “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots” de Deborah Feldman, a qual deixou o movimento Satmar, uma comunidade hassídica em Nova York. A minissérie foi gravada com trechos em inglês, outros em ídiche e alemão.

Na série, o público acompanha a jornada de Esty, que foge aos 19 anos de seu casamento arranjado na comunidade ultraortodoxa em Williamsburg, no Brooklyn. Ela viaja escondida para Berlim, onde sua mãe, que também deixou a comunidade, mora. Na cidade alemã, Esty percebe que sua criação com pouca escolaridade reduz suas chances de independência na metrópole. 

Ao mesmo tempo, a jovem precisa se manter escondida do marido, que descobre sua gravidez e, por ordem do rabino, viaja com o primo em busca de retornar à comunidade com a esposa e o bebê.

Anne with An E

“Anne com E” é uma produção canadense baseada nas obras de Lucy Maud Montgomery, uma série de livros lançada em 1908 com o nome “Anne of Green Gables”. A produção contou com três temporadas transmitidas pelo canal CBC, posteriormente disponibilizadas na Netflix.

Por meio de um olhar de uma criança, Anne, o seriado aborda questões que acompanham o crescimento da protagonista, que não deseja atuar no espaço doméstico, e acaba se deparando com questões como desigualdade de gênero e social, racismo, homofobia, religião, xenofobia e luta por liberdade de expressão. 

Self Made

“A Vida e a História de Madam C. J. Walker” é uma minissérie da Netflix baseada na biografia “On Her Own Ground: The Life and Times of Madam C.J. Walker”, escrita por A’Lelia Bundles. 

A proposta é apresentar ao público a inspiradora história da empreendedora norte-americana, interpretada por Octavia Spencer, que se arriscou a lançar um negócio focado em mulheres de cabelos crespos nos Estados Unidos, enfrentando o machismo e racismo presente no mercado. C. J. Walker foi a primeira mulher que se tornou milionária nos Estados Unidos, feito registrado no Guinness Book of World Records.


*(Créditos imagem de destaque: Divulgação/Netflix e FX, Sicha/Rawpixel).

Gabriela Sartorato e Laura Ferrazzano

Jornalistas concluindo a graduação através de um projeto sobre como a Síndrome da Impostora se manifesta na vida das mulheres.